Via Salutis na tradição Armínio-wesleyana
Podemos explanar o assunto sobre a Via Salutis na tradição Armínio-wesleyana, conforme já muito bem conduzido na aula Doutrina de Santidade I, como sendo uma ação conjunta com objetivo (continuidade) onde o homem responde e coopera em resposta a uma ação de Deus no plano da salvação, onde o beneficiado é o próprio homem que se encontrava perdido (depravado). Há então uma progressão durante a existência humana terrena.
Então a Via Salutis "Caminho da salvação", são os "passos" para salvação, que se segue do homem perdido até a inteira santificação:
Pecado original e pessoal; Expiação; Graça (Preveniente, Convencedora); Arrependimento; Justificação; Regeneração; Adoção; Santidade cristã; e Inteira Santificação.
Podemos afirmar então que a tradição Armínio-wesleyana, trás em seu próprio conceito que a salvação do homem, envolve um caminho, um passo e depois outro passo que leva cada dia para mais perto da inteira santificação conforme (Ef. 4:11.14), que é a vontade de Deus, que todos e não alguns, que todos busquem a estatura de varão perfeito.
Vejamos então que essa busca da estatura de varão perfeito pressupõe que é necessária uma disposição no interior do homem para não ceder mais aos desejos da carne e se aproximar cada vez mais da imagem de Deus com suas atitudes. Nisso o texto “Cessem de fazer o mal; aprendam a fazer o bem”. [Is 1.16] nos responde com louvor, pois para que a busca seja eficaz, é necessário que o homem cesse de fazer o mal e nisso mostra a outra contrapartida (o outro passo na trajetória) para ser um hábito, um estilo: aprendam a fazer o bem. Esse aprender, é o homem agindo, respondendo a ação de Deus por meio do Espírito Santo que opera na nova criatura.
Por meio dessa progressão, o homem se permite nascer de novo, é a transformação que passa pela necessidade de aceitação do sacrfício de cruz, quando Deus age pela sua graça.
Graça Preveniente, Deus dá a iniciativa. Deus mostra o primeiro degrau, o início do caminho, o ponto de partida de uma grande trajetória que envolve a santificação desse homem pecador. O homem precisa responder a essa graça. O homem passa ser o protagonista, pois uma vez que Deus mostra a ele que não há mais, imagem e nem semelhança, o homem responde ou não de acordo com seu interesse (livre arbítrio).
Qual é esse interesse, em relação a essa imagem?
1 - Imagem natural- preciso distinguir a verdade da falsidade e possuir atitudes e vontades que me guia para comportamento corretos com virtudes santas;
2 - Imagem política – preciso ser a autoridade na terra que foi criada por causa de mim. Ser a cabeça natural na terra conforme Salmos 115:16 “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra deu-a ele aos filhos dos homens”; e
3 - Imagem moral - preciso distinguir o que é profano e o que é santo. Possuir um relacionamento com Deus de forma íntegra.
“Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve”. Mal 3:18.
A graça de Deus dá a ponta pé e propicia/expia o pecado (pecado original/depravação) oferecendo o pagamento pelos pecados do homem. A graça age para que o homem veja o pecado (não se enxerga como a imagem e a semelhança de Deus), é convencido disso, se arrepende (suplica por perdão e misericórdia), nisso é justificado pelo sangue do Cordeiro que o regenera (novo nascimento), que vai ser aceito por Deus (não vive mais no pecado), é adotado para ser herdeiro do Reino (co-herdeiro) e passa a viver uma nova vida (santidade), novo estilo para ser fiel até a morte para receber a coroa da vida (inteira santificação).
Fica evidente que é necessário ao homem um processo contínuo de restauração para alcançar essa imagem de Deus, que embora responda a uma iniciativa de Deus por sua graça que só tem efeito, se houver cooperação e fé; dom de Deus. Essa fé vem de Deus para ajudar a romper as dificuldades que a depravação lhe impôs por meio do pecado original, exala mais horizonte, mais dinamismo no relacionamento, que produz e manifesta dia pós dia a sua nova identidade.
Perfeição cristã:
Para Wesley, a Santificação e Perfeição Cristã, “são dois nomes para definir a mesma coisa. Não há perfeição na terra. O ser humano tem sempre necessidade de crescer em graça e avançar diariamente no conhecimento e no amor de Deus”. (Sermões de Wesley, vol. 2, pg 286).
Ora, então podemos dizer que o homem antes perdido, está sendo (continuidade, trajetória) tratado, purificado para frutificar na vida eterna a completa santificação. O homem foi justificado em Cristo Jesus pelo seu ato salvífico na cruz do calvário, para que na aceitação desse sacrifício, fosse por meio do consolador santificado, quando esse mesmo Espírito Santo, não nos permite nos conformar com esse mundo e nem viver em pecado, bem como por meio de uma nova atitude passa esse homem expressar misericórdia, bondade, mansidão, tolerância, bem como na prática das obras de fé, fruto do Espírito em declínio da obra da carne.
O homem em plena ação missional (social e transcultural)
O homem alimentado por uma graça redentora que leva o mesmo a uma Perfeição Cristã, que interage na plenitude do amor, a Deus como primeiro mandamento e ao próximo para satisfazer a ‘inclinação para a obediência em amor’ pode tornar-se a força motriz da vida” [Dieter, 2006, p. 24](2).
O homem passa ser missional e cada vez mais interessado em pessoas. Ele movido pela graça que o impulsiona a viver e a priorizar encontros e relacionamentos, que oportunizam a evangelização de quaisquer pessoas, seja um colega de trabalho, o caixa do supermercado, o açougueiro, seja o taxista, bem como o morador de rua e povos e tribos estrangeira. A sua missão é contagiante e natural ao ponto de ser inevitável não ser reconhecido seu novo estilo de vida, que reflete as mudanças ocorridas no conhecer de DEUS e na busca pela sua imagem e semelhança, que passa ser real.
Conclusão:
O homem visa imitar seu salvador, busca a imagem do seu criador, cessa de fazer o mal e aprende a fazer o bem. Busca ser a estatura de varão perfeito em todo momento. Isso é obra da graça.
Rondineli da Silva Souza
