No alvorecer do século XX, um novo movimento religioso emergiu em resposta ao fervor espiritual de sua época: o Movimento Pentecostal. Este movimento, que se originou com os avivamentos da Rua Azusa em Los Angeles, liderados por William Seymour em 1906, criou um impacto duradouro na paisagem religiosa dos Estados Unidos. Enquanto isso, a Igreja do Nazareno, fundada por Phineas Bresee em 1908, também se enraizou nas tradições da santidade cristã, refletindo um compromisso com o amor perfeito e uma missão de alcançar os necessitados, especialmente nos centros urbanos.
Phineas Bresee, um defensor da santidade wesleyana, frequentemente enfatizava a importância do “amor perfeito” e da “salvação das almas”, acreditando que a missão da Igreja deveria ser tanto espiritual quanto social. Bresee visava um ministério voltado para os pobres e a diversidade cultural, o que estava alinhado com as raízes do Movimento de Santidade. Este movimento, que predominou no século XIX, usou a palavra “pentecostal” para descrever a experiência da santidade, acreditando que o batismo do Espírito Santo, que ocorreu em Pentecostes, também proporcionava uma santificação total aos crentes.
Por outro lado, a Rua Azusa trouxe uma abordagem mais marcada por manifestações emocionais, como o falar em línguas, que se tornaram sinônimos do novo pentecostalismo. Charles Parham, um dos principais teólogos desse movimento, associou a experiência do batismo do Espírito Santo com a evidência de falar em línguas, algo que foi amplamente adotado dentro do movimento pentecostal emergente. Seymour, que vivenciou essas crenças em Azusa, se tornou uma figura central na propagação do pentecostalismo. Essa nova compreensão de “pentecostal” contrastava com a visão mais focada na santidade que prevalecia entre os primeiros nazarenos.
Bresee continuou a criticar o novo “movimento das línguas”. Ele criticou aqueles “que correm atrás da esperança de... coisas maravilhosas”, acrescentando que isso é “para sua própria ruína”. Ele concluiu: “Pessoas que têm a experiência preciosa e satisfatória de Cristo revelada no coração pelo Espírito Santo, não anseiam por fogo estranho, nem correm atrás de todo [suposto] dom...” 1
Um associado de Bresee, Rev. IG Martin, também notou o fenômeno da Rua Azusa, escrevendo: “Quando qualquer grupo de pessoas enfatiza tanto qualquer um dos dons do Espírito a ponto de torná-lo sua doutrina central, como por exemplo a cura divina ou o dom de línguas, isso invariavelmente se mostrará desastroso.” Em contraste, “a graça do amor perfeito permanece. Ela nunca falha. . . . Ela permanecerá quando o mundo estiver em chamas, e será seu passaporte através dos portões para a cidade.” 2
Um editorial intitulado “Fanatismo e Farsas” tratou especificamente do “chamado Dom de Línguas [e] Curas Divinas”. Bresee escreveu: “Quanto às instituições e especialistas em Cura pela Fé”, há muitas pessoas que são curadas em resposta à oração, mais comumente em suas casas por meio das orações de suas famílias. Mas, ele advertiu, “pessoas que fazem da cura pela fé um negócio devem ser evitadas”. 3
Apesar de partilharem algumas origens comuns na tradição wesleyana, a Igreja do Nazareno e o movimento pentecostal divergiram em suas ênfases teológicas. Bresee, em editoriais na Nazarene Messenger, criticou o fanatismo e a busca por manifestações extraordinárias de fé, enfatizando que o amor perfeito deveria ser o centro da experiência cristã. Ele e outros líderes da Igreja mantiveram uma visão de que a busca por sinais e maravilhas poderia levar os crentes à ruína espiritual.
A separação entre esses dois grupos não foi conflituosa, mas sim um desvio amigável, onde cada um seguiu seus caminhos teológicos distintos. Enquanto o movimento pentecostal cresceu em popularidade e se focou em atividades espirituais intensas, a Igreja do Nazareno reforçou sua identidade centrada na santidade, retirando o “pentecostal” de seu nome em 1919. Essa mudança não significou um esfriamento espiritual, mas sim uma reafirmação de seu compromisso com a tradição wesleyana e sua missão entre os necessitados.
Stan Ingersol, historiador da Igreja do Nazareno, destaca que tanto os nazarenos quanto os pentecostais emergiram de uma rica tradição comum, mas desenvolveram interpretações e ênfases distintas em suas doutrinas e práticas. Embora hoje se reconheçam como pertencentes a movimentos separados, ambos continuam a influenciar o cristianismo contemporâneo, ressaltando a importância do amor, da santidade e da transformação social. Com o passar dos anos, a Igreja do Nazareno e diversas expressões pentecostais encontraram maneiras de colaborar em missão e evangelização, refletindo o legado duradouro e a importância desta rica tradição de santidade.
Assim, as raízes do pentecostalismo e da Igreja do Nazareno revelam um complexo entrelaçamento de história, teologia e compromisso com a obra de Cristo no mundo, onde a santidade e o avivamento continuam a inspirar novas gerações de crentes.
1. Phineas Bresee, “O Dom das Línguas”, Nazarene Messenger (13 de dezembro de 1906);
2. IG Martin, “Gift of Tongues”, Nazarene Messenger (26 de outubro de 1906);
3. Phineas Bresee, “Fanatismo e farsas”, Nazarene Messenger (27 de junho de 1907)